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sábado, 25 de agosto de 2012

PARTIDO VERDE: “CABRÁLIA NÃO TEM UM QUADRADO”



- “Pedro e Loredano. Pela última vez, entendam. Praia bonita tem em todo lugar. Cabrália também tem, concordo, mas Cabrália não tem “um Quadrado”. Não adianta acharmos que podemos fazer um empreendimento em Santo André para vendermos nas mesmas condições de preço que vamos vender em Trancoso, porque Trancoso tem o charme do “Quadrado”.
                                         
                  Foi a resposta que ouvi do amigo Maurício Pitangueira, presidente da Consplan, construtora de Salvador com mais de 35 anos de mercado, ao insistir, juntamente com Pedro Bocca, a tentar convencê-lo a investir em Santo André em terrenos de clientes e conhecidos meus.

                  Era maio ou junho de 2010, e tínhamos acabado de voltar de São Paulo, onde fomos participar de um jantar no restaurante “Brasil a Gosto”. Foi o jantar de lançamento do Condomínio “Aldeia de Itapororoca”, localizado na Praia de Itapororoca em Trancoso, do qual participei da concepção e aprovações juntamente com o consultor Maurício Sampaio.

                  Capitaneado pelo Executivo Ivan Zurita da Nestlé, o jantar e o lançamento foram um sucesso. Naquela mesma oportunidade, 9 das 11 casas do projeto foram vendidas na planta. Dentre os compradores, o próprio Ivan Zurita, Ronaldo (fenômeno) Nazário, João Dória e outros mais que acreditaram no projeto. Mais do que isto estavam loucos para “colocar os pés” nas areias de Trancoso, e, lógico, poder passear a vontade de preferência de chinelo de dedo no fim de tarde pelo mágico “Quadrado”.    

                   “Loredano, “Trancoso tem um Quadrado, Cabrália não tem um Quadrado”. Estas palavras não me saíram da cabeça desde então. A Consplan, a Santa Helena e a Altântida, tinham no ano anterior, ganhado o prêmio ADEMI de empreendimento do ano, conquistado com o Condomínio Porto Trapiche, prédio de apartamentos construído sobre a Baía de Todos os Santos, em aproveitamento de antigo armazém alfandegário ao lado da Baía Marina, pouco depois do Elevador Lacerda.

                  Pedro Bocca, engenheiro e velejador, naquele ano de 2010, recebeu em nome da Associação “Viva Saveiro”, o prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade  (fundador do IPHAN). O projeto “Viva Saveiro” evitou o fim melancólico dos 13 últimos saveiros da Bahia. Por isto o prêmio de “Preservação do Patrimônio Material”. Turma boa que eu queria convencer a investir em Cabrália. Esbarrei nas palavras de Maurício. “Cabrália não tem um Quadrado”.

                  Com meu engajamento agora com a proposta de política propositiva do PARTIDO VERDE, e incumbido da missão de apontar caminhos e soluções para ajudar a tirar Cabrália do “limbo turístico” no qual esta cidade se encontra há mais de 16 anos, a frase do amigo Maurício Pitangueira me voltou forte à memória. “Cabrália não tem um Quadrado”.  “Cabrália não tem um Quadrado”.

                  Há 15 dias, estava a noite no Cais do Porto, somente eu a esposa  e mais um casal sentado na mesa do bar da Dra Leila. Aguardava Dr Paulo Badaró, Dalmir e toda a “esquadra” do PARTIDO VERDE. Foi quando olhando aquele lugar me veio o estalo. “Meu Deus...temos não só um local de potencial igual ao do “Quadrado”, como temos “uma Caraíva”, “um Arraial d´Ajuda” e uma “Cidade Histórica”, completamente interligados e complementares.

                  Parei de imediato, sentei na cadeira,  pedi um Chopp e comecei a “trazer” para aquele espaço tudo o que de melhor a nossa região possuía em termos de turismo.

                  O CAIS DO PORTO -  Passei o verão todo andando 50 km de estrada de terra, indo toda a semana a Caraíva apenas para ter o prazer de sentar em um bar na beira do Rio Caraíva para tomar um drinque e ouvir a “Caraivana”. Caraivana é um conjunto, diria que de Samba Jazz e Chorinho com violão, cavaquinho, flauta, banjo, sopro e percursão. Imediatamente transportei a “Caraivana” com seu delicioso som para a Beira do João de Tiba, em um simpático palco debaixo da árvore em frente ao Sargaço. Na minha cabeça, já era sexta feira.

                  “Modifiquei” a praça, mantendo as árvores e a vegetação, mas retirando o degrau e deixando todo o piso no nível da rua para ganhar espaço no melhor estilo das grandes praças espanholas e portuguesas. Como o pensamento é sempre livre, “instalei” ali naquele casarão da esquina do Sargaço o bar de uma destas cervejarias (pois agora é moda), Bar Brama, Bar Devassa, Bar Bohemia, e outros.  Mais um ou dois bares bem transados foram montados nas proximidades do Porto. Um Sushi e uma Creperia. O espaço comum, agora aumentado com o nivelamento da praça com a rua, está cheio de gente sentada nas mesas.

                  A rua do Cais, indo para o embarque, agora era só lojinhas e uma pastelaria. No final, já na Rua do Sossego, subindo para a Cidade Histórica, a casa que lá está a venda (contei mais de 20 imóveis a venda no centro da cidade) uma cachaçaria super legal, bem típica, cheia de gente. Lembra mesmo Caraíva.

                  Intervalo da música. A mulher quer olhar lojas e a filha tomar sorvete. Com a liberdade do pensamento, “trouxe”, ali para a galeria que pertenceu a Jean Carlos (penso que hoje ainda é da família), algumas lojinhas menores (bijouterias, artesanatos, etc). Em outra daquelas casas praticamente abandonadas existentes no Porto, uma franquia de uma boa sorveteria. Poucos sabem, mas em Salvador, turistas e mesmo os soteropolitanos atravessam toda a cidade para ir a Ribeira apenas para tomar um bom sorvete.

                  A filha fica com amigas na sorveteria e eu continuo a caminhada com Grasielle. Entusiasmado com o sucesso do Cais do Porto de Cabrália, “instiguei” meus amigos Flavio e Naná (Ponta do Camarão) a abrirem ali uma franquia da “Lenny”, a mais famosa e elegante marca de moda praia do Brasil. Da mesma forma convenci o dono da Sandpiper, amigo pessoal a abrir ali também uma franquia.

                  O casarão que, creio, pertence ao Sindicato Rural, foi alugado pela diretoria, e também agora é uma boa loja comercial. A charmosa loja de biquínis existente (e resistente) no Porto há mais de 15 anos, agora também funciona de noite. Com o bom gosto da proprietária e público bastante, a loja está sempre cheia.

                  A ruína da esquina, em frente ao “Armazém Arte e Som”, que tem um índio pintado na parede, pertence à Prefeitura. Foi enfim reformado e a Secretaria de Turismo tem ali um ponto de referência, juntamente com a Associação Indígena Pataxó. O espaço dirigido pela Secretaria de Turismo dá lugar a um pequeno centro de mostra da cultura indígena com exposição de fotos e artesanato. Isto atrai turista como o quê.  Está lotado de gente, nem entramos.

                  Continuamos a caminhar pela rua sentido cais do porto/centro. A rua estreita até chegar na ruína do Márcio Dantes está agora cheia de pontos comerciais. O imóvel abandonado ao lado da sinuca do Serjão foi reformado ou vendido e virou também uma bela galeria que vai da rua do porto até a Avenida Paulo Souto. Todos os outros imóveis que hoje estão ali praticamente em abandono também tiveram o mesmo destino, viraram bons pontos comerciais. O imóvel da prefeitura onde funcionou a delegacia, agora é um posto médico de atendimento ao turista. Também por ali tem um posto da Polícia Militar. Estes dois equipamentos dão credibilidade e segurança aos freqüentadores do Cais do Porto.

                  Todo o trecho que leva ao porto agora é fechado a partir das 18 horas para trânsito de veículos. Apenas morador pode entrar com seu carro. Os demais deixam estacionados na Paulo Souto. Devagar, olhando tudo, levamos 15 minutos olhando as lojas até chegar à esquina onde está o casarão/ruína do Márcio Dantes. Não é mais uma ruína. O processo judicial foi encerrado, a prefeitura e o proprietário se acertaram. A prefeitura ficou com o prédio, que foi reformado e transformado em um belo Teatro, construído através de um convênio com o Ministério da Cultura. Temos agora pelo menos uma vez por mês na programação cultural da cidade uma peça de teatro. Toda a atração que vem ao Centro Cultural de Porto Seguro, agora também se apresenta em Cabrália. De vez em quando um bom espetáculo de música no teatro. Fora isto, todo fim de ano temos o “Festival de Teatro de Cabrália”, no qual cada escola municipal apresenta uma peça, concorrendo a prêmios patrocinados por empresas. Para os estudantes a noite da premiação é a noite mais importante do ano. Ficam emocionados. Para eles, na inocência de quem sonha é como a noite do “Oscar”.

                  Este festival de teatro faz parte do recente Plano Municipal de Educação, que agora mantém em tempo integral nas escolas as crianças até o fim do ensino fundamental. Uma das atividades escolares, extra curriculum oficial, é exatamente “Artes Cênicas”.  A política Pública de Educação Municipal é exemplo para a região.

                  Este “Plano Municipal de Educação”, juntamente com a implantação do Programa Esportivo Municipal “Craque aqui só no Esporte”, que funciona em parceria com clubes de esporte especializado da Bahia, Minas e Espírito Santo, conseguiu retirar das ruas as crianças e adolescentes que, sem ocupação, conheciam cada vez mais cedo o inferno das drogas. Agora, jogam futebol de salão, basquete, vôlei e praticam atletismo e teatro. Com a meninada ocupada praticamente todo o dia, diminuiu a incidência de viciados “mirins” em drogas, e  também o índice de gravidez precoce entre as adolescentes de Cabrália.

                  Mas voltando ao porto, vejo os cartazes com a programação do teatro e continuo caminhando mais um pouco pelas lojas, até chegar ao segundo casarão/ruína de Márcio Dantes. Não é mais ruína. Agora só casarão. Com a solução dos problemas judiciais dos casarões, o Município ficou com um (teatro), e Márcio Dantes com outro.

                  Quando o acordo foi feito Márcio Dantes avisa que vai reformar o casarão que ficou para ele, coisa que queria fazer a 20 anos e não conseguia por causa da demanda.  Márcio, mineiro de Belo Horizonte, fez um acordo com a “Leitura”, terceira maior livraria do Brasil, e a ruina deu lugar a uma bela livraria e cafeteria.  

                  Inicialmente o dono da “Leitura” estava resistente. O fluxo de pessoas não é suficiente para a implantação de uma livraria deste porte. Entra então no  circuito a administração municipal. Pessoas preparadas se encontram com o empresário. Mostram números e usam o argumento do “marketing”. Citam como exemplo exatamente o “Quadrado” de Trancoso. Lá tem “Osklen”, “Leny”, “Richard” e tantas outras marcas famosas. Ao implantarem franquias no “Quadrado”, estas marcas certamente pensaram não só no lucro do próprio negócio, mas muito mais na operação de “marketing”. Explicam e mostram  a ele que o Cais do Porto de Cabrália está ficando tão ou mais famoso que o “Quadrado”, e que por ali vão transitar pessoas do mundo inteiro.

                  Ele ainda duvida e quer saber detalhes. Mostram a ele que as ações institucionais da prefeitura de Cabrália deram resultado excelente. Mostram ainda o “mix” de ocupação do Cais do Porto. Já tem bar famoso de cervejaria, Lenny, Sandpiper, sushi, sorveteria famosa, bons “pubs” e que o lugar virou exatamente isto, ou seja, “O LUGAR”. Ele, inteligente como poucos que conheço, começa a enxergar ai um fator importantíssimo nas estratégias de marketing de qualquer empresa. A visibilidade da marca, que agora vai ser vista diariamente por gente de todo o mundo, além da captação da mídia espontânea. Esta vem atrás da notícia.  É que realmente o Cais do Porto de Cabrália virou notícia. Fecharam o acerto. O casarão colonial virou uma linda e requintada livraria com cafeteria. Sento. A livraria/cafeteria naquele casarão colonial totalmente reformado no estilo ficou muito linda. Tomo um café folheando uma revista. Pago a conta e volto para o Cais do Porto.

                  A Caraivana está encerrando a apresentação. Fazem um instrumental de “Ponteio” e encerram. Semana que vem tem “Samba das Moças”, maravilhoso conjunto de samba de roda de Salvador. Alguém assistiu, ficou impressionado e indicou. São só mulheres. O casarão do lado do Sargaço também virou um Pub com excelente isolamento acústico. A noite ali começa após o encerramento da música ao vivo na praça. A rapaziada descolada começa a chegar. Para eles a noite só está começando, e o “Sargaço Pub” é o que há de agitação para a moçada sadia da Costa do Descobrimento.

                  O comércio se estendeu pelas outras ruas da região do Porto. Todo o casario, com orientação do IPHAN, foi pintado, e hoje é um charme só, com portas e janelas coloridas. O Cais do Porto de Cabrália é o shopping a céu aberto mais bonito do Brasil.

                  A ORLA - Saímos do Porto e pegamos o carro estacionado na Paulo Souto. A saída da cidade agora é mão única, obrigando a passagem pela orla. Os restaurantes da orla de Cabrália todos agora reformados competem em igualdade de condições com qualquer centro goumert da Costa do Decobrimento. É que com o apoio da Prefeitura, a Associação Comercial de Cabrália, ativa e operante, fez um convênio com o SENAC e com o SEBRAE e estas entidades, cada uma na sua especialidade, agora são parceiras no treinamento de negócio e aperfeiçoamento dos serviços de bares e restaurantes de Cabrália. Cidade turística tem que ter bons serviços. Os comerciantes da Orla, com apoio e orientação da Secretaria Municipal de Turismo, compuseram e também idealizaram um “mix” para os restaurantes da Orla. Temos ali agora uma boa diversidade gastronômica. O turista agora pode optar em Cabrália pela comida Italiana, Japonesa ou mesmo Mineira. Tudo na Beira Mar.

                  Também temos na Orla uma Pizzaria com forno a lenha. Restaurante mesmo, não tem no Cais. O Cais do porto é o lugar do burburinho. Só lojas, barzinhos e pubs. Dona Vanda voltou para Cabrália. Dona Vanda e o Garatéia são duas das cozinhas mais premiadas da Bahia.
                 
                  Acordo sábado pela manhã. Com a reativação do Porto de Cabrália a cidade ficou charmosa de novo. Adoro Cabrália e estou de novo, como quando cheguei apaixonado pela cidade. O Cais voltou a ser meu lugar favorito em toda a Costa do Descobrimento. Vamos para a feira. A feira agora é abastecida pelos alimentos orgânicos produzidos nas hortas dos Projetos Camurugi e São Miguel. É que a administração pública de Cabrália, seguindo o exemplo de Licínio de Almeida, cidade no sertão da Bahia Governada por Alan Leite do PARTIDO VERDE, tem em seus quadros, vários técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos. Licínio Almeida tem 5 engenheiros agrônomos e 11 técnicos agrícolas. Cabrália agora também dá valor ao campo. É preciso uma opção ao turismo. Agora já possui um quadro deste porte na Secretaria de Agricultura. Nosso campo agora produz muito, e a feira dá gosto de ver.

                  SANTO ANDRÉ - Sábado ainda. Chega a noite. Tenho amigos de fora hospedados em casa em Cabrália para onde voltei. No passado vinham para minha casa em Porto e eu tinha que levar a Trancoso ou Arraial d´Ajuda. Era uma tortura. Para Trancoso pela estrada, 80 km. Para o Arraial meia hora de balsa entre espera e travessia e mais trinta e tantos quebra-molas até chegar à Rua do Mucugê. Uma hora perdida na ida e uma na volta. Muito cansativo.

                  Agora querem ir a Sto André. Fico aliviado. Saímos de casa, estacionamos o carro na Paulo Souto, passamos a pé pelo Porto e seguimos até o Píer de embarque, onde hoje embarcam as escunas. O projeto da Prefeitura de interligação Cidade Histórica/Porto/Orla/Santo André é um sucesso. Temos agora a partir das 18 horas, balsinha  exclusiva de passageiros saindo do Píer. São duas embarcações de passageiros. Uma do lado de lá e outra do lado de cá. Uma vai  e outra vem a cada meia hora.  Funcionam até duas horas manhã. A partir daí, de hora em hora, mas em horário alternado com a balsa de carros.

                  Dez minutos de agradável travessia. A balsa de passageiro tem cobertura retrátil. Na chuva, abre. Tempo bom, recolhe. Na minha “viagem” é dia de Lua cheia, um espetáculo a travessia do João de Tiba em dia de lua cheia. Vem na minha memória a primeira vez que fui a Santo André em uma festa ainda nos anos 1980. A travessia foi de Canoa. Lua cheia. Inesquecível.  

                  Chegamos do lado de lá. Um bucólico e charmoso trenzinho, também com cobertura retrátil, faz o transporte até Santo André, a mais charmosa Vila Náutica do Brasil. A rua principal, agora com um calçamento natural, produto apresentado na feira de construção civil de 2011 em Barcelona. É um calçamento que reproduz uma via de terra, inclusive permeável.  A rua da margem do Rio virou também um corredor de comércio com lojas lindas e barzinhos deliciosos. Pelo fato de ser uma “Vila Náutica”, acabou ficando melhor e mais agradável do que a Rua do Mucugê no Arraial d´Ajuda. É agora, mais do que nunca, junto com o Porto de Cabrália e a Cidade Histórica, o xodó da mídia.  O “Tangerina” é um sucesso. A proprietária está rindo a toa. Feliz da vida com a idéia de interligação do Porto e Cidade Histórica com Santo André. Agora é fácil ir e vir. 10 minutos de trenzinho até o embarque e vice-versa, e 10 minutos de travessia de balsa que sai a cada meia hora invariavelmente.  Também estão felizes os turistas que ficam em Santo André. Tem também mais uma opção de lazer, vir para o Cais do Porto. A variedade de opções no turismo é muito importante.

                  O trenzinho nos deixa na entrada da Rua da Orla. A caminhada é agradável. Lindas lojinhas, barzinhos e excelentes restaurantes. Meus amigos ficam encantados com tudo. Fotografam os veleiros ancorados no Rio João de Tiba. Passeamos um pouco, olhamos as lojas e paramos para jantar. Comemos muito bem. Tomamos um café em uma cafeteria recentemente aberta. Também tem livros e revistas.  É meia noite e dez. Hora de voltar. Embarcamos no trenzinho. Como ele vai devagar gastamos 10 minutos da vila até o embarque. A balsa de passageiros aguarda apenas a chegada do trenzinho. Embarcamos. A balsinha sai. Mais lua cheia sobre o rio e o manguezal. Espetáculo único. Dez minutos e desembarcamos de volta no Cais. Passamos pelo Porto que ainda está cheio, um pouco de papo com conhecidos e vamos para casa.

                  ORLA - O retorno de novo é pela mão única de saída que obriga a passagem pela Orla. É verão. Cabrália agora é a cidade da moda.  Os restaurantes da praia ainda estão abertos. Os holofotes instalados e virados para o mar, nas proximidades da barraca do Rato iluminam as ondas e a areia da praia. Foi instalado para os surfistas. Solicitação antiga deles para surfar de noite. É preciso mesmo ocupar a juventude. Mas é verão, onda não tem. Então não tem surfista. Surfista só no inverno. Mas tem gente na areia. Alguns namoram, outros jogam vôlei de praia em pleno início da madrugada. Lembra o Rio de Janeiro, onde o esporte na praia “rola” madrugada adentro.  A iluminação da orla foi feita com consulta prévia ao Instituto Pat Ecosmar. Por isto tem períodos que não é ligada para não causar problemas às tartarugas.

                  CIDADE HISTÓRICA - Domingo de manhã. Acordamos. É dia de feira de arte e artesanatos na Cidade Histórica. A Cidade Histórica agora não é mais a mesma. Está linda e bem cuidada. A Prefeitura cuidou de sua parte e combinou com os proprietários a mesma atitude. Como o interesse era comum, tudo ficou limpo. Canteiros de flores adornam as ruas lá em cima. Acordamos tarde e a feira de artesanatos já está cheia. Também como tudo em Cabrália, a feira virou sucesso. O sucesso da feira de artesanato na Cidade Histórica em Cabrália também é oriundo da filosofia simplista da administração municipal na condução da cidade. Nada de muita invenção de moda. Nada de “querer inventar a roda”.  Não funciona assim. Ideias boas sempre foram ideias simples.

                  Duas, foram as atitudes da administração municipal para tornar a feira um sucesso. Primeiro o óbvio. Melhorou o aspecto da Cidade Histórica, e montou um sistema de barraquinhas desmontáveis para abrigar os expositores. Segundo, descobriu que a melhor maneira de desenvolver Cabrália era integrar nossa cidade à região que é maravilhosa como um todo.
     
             Assim, com a  administração pensando desta forma, a população de Cabrália também descobriu o restante da Costa do Descobrimento. Para incrementar a feira, de forma estratégica a gestão do município identificou na cidade e na região, quais eram os artistas e artesãos com maior fama e sucesso, além das feras já existentes em Cabrália. Descobriu então, dentre outros, que muita gente anda quilômetros para ir até Itaporanga comprar artesanato de coco do Reinaldo e cortininhas de esteira do Patiburí, índio Pataxó da Reserva da Imbiriba. Também muita gente vai a Belmonte comprar vasos de barro. Os móveis de Elma Chaves, também com ateliê em Itaporanga, apesar da família residir em Cabrália, são hoje muito famosos. Adornam desde residências de luxo em Angra dos Reis, até o Iatch Club de Santos. Este pessoal junto com os artesãos de Cabrália, em especial os artesãos da Coroa que fazem cestos deram vida a feira.

                  Assim, identificadas estas e outras forças do artesanato na região, Prefeito e Secretário de Turismo então, foram pessoalmente convidar a cada um deles para trazer seus produtos para a feira todo domingo pela manhã e toda quinta de noite. Deu apoio logístico e segurança. A ação deu resultado. Hoje a feira conta, além dos excelentes artesãos e artistas de Cabrália, em especial os cesteiros da Coroa Vermelha, com o belo trabalho em coco de Reinaldo de Itaporanga, com os móveis rústicos da Eco Designer Elma Chaves, com os belos potes daquela senhora artesã de Belmonte, dentre outros. Lota toda quinta de noite e domingo pela manhã.

                  Depois de 40 minutos de feira, quero descer. Paro um pouco para ver a roda de capoeira. Continuo. Admiro a Igreja, linda demais com aquele visual que dá para o Cais do Porto, e Santo André. Incomparável. Tive informações de amigos que em maio alguém da elite paulista vai casar uma filha na Igreja da Cidade Histórica. Vamos começar a dividir este filão com Trancoso. Isto é ótimo para Cabrália. Movimenta a hotelaria e o comércio da cidade exatamente na baixa temporada.. Além, claro, do ganho com mídia espontânea.

                   Flávio e Naná, além da franquia da Lenny, são também sócios da Pousada Ponta do Camarão. Não tem revista de hotelaria de charme no mundo que não tenha matéria sobre a Pousada deles. O incrível e que são apenas dois bangalôs. De tanto eu falar estão quase comprando um destes belos casarões ou mesmo um terreno na Cidade Histórica de Cabrália (que incrivelmente hoje também está toda a venda) para montar uma pequena pousada de charme lá em cima. Com SPA e tudo. Como tudo que eles pegam para fazer vira sucesso, com certeza este empreendimento também vai ser um espetáculo e com certeza vai atrair outras pequenas pousadas de charme para a Cidade Histórica. As diárias nestas pousadas variam entre R$ 800,00 e R$ 1.500,00.

                  A esposa e amigas querem continuar a andar na feira. Quero descer, estou com sede. No projeto de integração da cidade, e para atender aos que possuem necessidades especiais, a prefeitura conseguiu aprovar junto ao Iphan a implantação de um sistema simples de plano inclinado, na parte de trás da Cidade Histórica. Divide espaço com a escadaria que hoje chega na entrada da plataforma do Píer. Desço por ali. É muito agradável a descida. Os bares do Porto estão abertos, exatamente esperando o público da Cidade Histórica após a feira. Já começam a encher. Sento com os amigos e ficamos ali bebericando, batendo papo e praticando a mais agradável das atividades que se pode praticar em um domingo de manhã. O ócio. Simplesmente observamos as pessoas que caminham para o embarque de passageiros no píer. A balsinha também funciona no fim de semana durante o dia, pois também muita gente de Santo André, Santo Antônio, Guaiú, Ponto Central, Mugiquiçaba e Belmonte que vem para a feira de artesanato. Com a diversidade de restaurantes, aproveitam e almoçam em Cabrália e Santo André. Virou programa de família. Muita gente de Porto Seguro que não gosta de praia no domingo, também vem.

                  Fim de semana encerrado. A partir da segunda o público de Cabrália muda. De segunda a quarta, o público é basicamente turista. A partir de quinta o turista se mistura com morador de Cabrália e da região. A partir de quinta por causa dos shows do cais e por causa da Feira de Artesanato na Cidade Histórica. Sexta, simplesmente porque é sexta mesmo. Dia internacional do Chopp. Sábado a rapaziada vem atrás das atrações. Domingo, mais feira de artesanato e chopp no Cais do Porto.  E assim vai. De segunda a quarta, basicamente turista, nos demais dias, turistas e moradores da região dividem espaço.

                  As Operadoras e agências de viagem enfim vieram. Não somos mais “cidade dormitório” e nem “cidade passagem”. É que com a revitalização da cidade, em especial do Cais do Porto e Cidade Histórica através das ações propositivas da administração municipal, ficou fácil para o Secretário de Turismo, pessoa muito bem relacionada no meio, conversar com as operadoras e agências e apresentar Cabrália como destino turístico. Todos agora conseguem enxergar a beleza única do conjunto Cidade Histórica/Cais do Porto. Cabrália agora tem o que oferecer. Deu certo. Todos os receptivos agora fazem pelo menos duas noites de seus “By nigths” em Cabrália. Da mesma forma, hoje quando os passageiros retornam dos passeios de escuna da Coroa Alta, transitam bom tempo pelo cais do porto e pelas ruas adjacentes. Cabrália agora tem o que mostrar. Agora é cisne. Não é mais o patinho feio.

                  Na última sexta feira de todo mês, o comércio local, com apoio da Prefeitura promove no Cais do Porto um “Sarau”. Juntam sempre dois ou três artistas e, juntos escolhem um tema ou um compositor em especial e dão shows de improvisos. É muito bom. O Secretário de Turismo de Cabrália está conversando com o jornalista Chico Pinheiro, apresentador do programa “Sarau” na Globo News. Estão articulando a gravação de um “Sarau Especial” no Cais do Porto de Cabrália. Afinal o Cais do Porto de Cabrália é agora o point do verão, é o lugar da moda.  

                  Sabe quanto foi que saiu dos cofres públicos para transformar Cabrália no lugar da moda ? Praticamente nada. Apenas o valor da desapropriação do Casarão, do conserto das casas pertencentes ao Município que estavam em ruínas e o gasto para deixar a cidade bonita. Fora isto, apenas idéias seguidas de ação. E confiança do empresariado nos gestores públicos.

                  Primeiro a administração municipal tratou com os proprietários. Os fez ver que transformar o Cais do Porto em uma zona comercial, melhoraria o lugar e alavancaria o preço dos imóveis e em pouco tempo dos aluguéis. Acertado com os proprietários, cadastrou o imóvel de quem concordou, com tamanho, cômodos, preço proposta de aluguel ou venda. Após isto elaborou um “mix” de ocupação e  foi atrás das âncoras. É como na concepção de um shopping Center. Primeiro  atrás dos âncoras. Cervejaria, sorveteria, um bom acarajé e duas boas lojas de marca. Fechado com os âncoras buscaram então mais alguns bons comércios. Os demais vieram na sequência, por “gravidade”.

                  E assim, com ideias simples e muito trabalho e, principalmente sem desperdício de dinheiro público, a cidade foi transformada, e hoje é a coqueluche da Costa do Descobrimento. Tudo começou com a intervenção no Cais do Porto, a alma turística de Cabrália. A idéia era que Cabrália tivesse um lugar charmoso como o Quadrado de Trancoso. O resultado foi surpreendente. Com a revitalização, o Cais do Porto ficou não só tão charmoso quanto o Quadrado, como tem mais vida. Com música, teatro, livraria e um comércio ativo, é um local com o charme do Quadrado, a musicalidade e o fervor cultural da Lapa no Rio de Janeiro e Rio Vermelho em Salvador.  Imbatível, não tem lugar igual.

                  Além disso, Cidade histórica, Cais do Porto, Santo André e Orla. Tudo interligado e muito próximo. Tudo muito lindo e bem cuidado. Que lugar do Brasil tem todo este charme em um só lugar com um aeroporto internacional há 30 minutos ? Com tudo junto e próximo assim desconheço.

                  Pego o telefone. Ligo para Maurício Pitangueira. Ele, já desconectado do assunto, não entende nada quando eu digo: -“Olha Maurício, Cabrália tem mais do que “um Quadrado”. Tem um “Quadrado”, uma Caraíva, um Arraial d´Ajuda e uma Cidade Histórica, tudo lindo, junto e interligado. Tudo tão interligado e próximo que não precisa nem de carro para ir de um lugar ao outro”.

                 
                  Loredano Júnior é advogado e filiado ao PARTIDO VERDE
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